Voltar
Comunicação e Imprensa

Escala dá voz a apenados em ação para o Banco de Livros

n/d  
 
“Prefácios de Histórias” traz textos de abertura de seis obras clássicas que foram escritos por internos de quatro penitenciárias gaúchas
 
E se o começo de um livro contasse o recomeço de uma vida? Essa é a provocação que a Escala traz para a campanha de divulgação do projeto “Passaporte para o Futuro”, do Banco de Livros. Para mostrar a importância da doação de livros e o incentivo à leitura nos presídios, nada melhor do que dar voz aos próprios apenados. Na ação, planejada e executada pela agência, seis clássicos da literatura de domínio público tiveram seus prefácios escritos por internos de quatro penitenciárias gaúchas. Tudo para impulsionar as doações de livros para a fundação.
 
“Naquele momento em que tô (sic) lendo um livro eu esqueço que estou preso. Eu me sinto em liberdade. A gente não pensa nada de ruim quando tu tá (sic) lendo, não tem influência de ninguém. Não tem maldade, não tem nada. Só o teu sentimento que entrou naquela história. Eu sou um personagem ali. Ali eu me sinto um personagem”, lembra Gilvano Souza dos Santos, 50 anos, apenado da Penitenciária de Montenegro, um dos participantes do projeto.   
 
Em 14 Estados, a remição da pena por tempo de leitura já é regulamentada. No Rio Grande Sul, a minuta está com o jurídico da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe/RS), mas há um entendimento de que matérias deste tipo, envolvendo o cumprimento de penas, só podem ser aprovadas pela União. Mas, independentemente da remição, a leitura já virou hábito entre presos e outros benefícios são observados tanto por eles, quanto por profissionais que atuam junto ao sistema. “Preso somente o corpo. O espírito e a mente, não. E a literatura faz isso com a gente”, afirma Rodrigo V. Braga, 38 anos, apenado da Penitenciária de Osório.
 
“Romeu e Julieta”, “Dom Quixote”, “Dom Casmurro”, “Rei Lear”, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” e “Poemas de Fernando Pessoa” também ganharam novas capas criadas pela equipe da agência, que doou a impressão de 140 livros.  Além disso, em parceria com a produtora Libre, também foram gravados depoimentos com os apenados sobre como o acesso aos livros faz diferença em suas vidas.
 
“É muito legal usar a nossa capacidade criativa e estratégica na divulgação de um projeto tão importante como o Banco de Livros e que, infelizmente, não possui muitos recursos financeiros”, afirma o criativo da Escala João Vitor Senger, que junto com Cauã Teixeira, idealizou a campanha. Ele explica que o momento mais marcante foi ficar frente a frente com os apenados e perceber o quanto o hábito da leitura contribui não só para o conhecimento e capacidade de articulação, mas também para manter a mente sã em um ambiente de confinamento. “Outra aspecto incrível foi descobrir o respeito que eles têm pela leitura, mesmo que não tenham benefício de redução na pena. Quando alguém está lendo, ninguém mexe com essa pessoa. É um momento sagrado”, conta.
 
O projeto “Prefácios de História” teve início em novembro do ano passado durante a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre. Para reunir todo material produzido pela Escala foi desenvolvido um hotsite que pode ser acessado pelo endereço https://prefaciosdehistorias.com. Nesse espaço, o público poderá baixar os livros, assistir aos vídeos com os apenados e conhecer um pouco mais sobre este e outros projetos do Banco de Livros.
 
Sobre o Banco de Livros:     
 
O Banco de Livros surgiu com a missão de fazer o conhecimento circular e chegar até as pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade social e que historicamente não tiveram o acesso à literatura e leitura como fonte de conhecimento para o desenvolvimento da cidadania. Com as doações são formadas novas bibliotecas em comunidades carentes, creches, abrigos, clubes de mães, fundações, escolas, associações, asilos, entre outras instituições. “Passaporte para o Futuro” é um dos seus principais, em parceria com a Susepe/RS, e já contemplou 98 casas prisionais. Além da implantação das bibliotecas (incluindo livros, computadores, software, prateleiras e móveis doados), os agentes penitenciários de todas as casas prisionais (um agente por unidade) são treinados no Banco de Livros para atuação nas bibliotecas e orientação aos apenados. Entre 2009 e 2017, a iniciativa já beneficiou 797 entidades e recebeu mais de 1 milhão de livros.