O grande volume de 1,3 bilhões de toneladas de alimentos desperdiçados anualmente no mundo causa enorme perda econômica, e tem impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar. Essa é a conclusão de um novo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançado nessa semana. Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, enquanto 870 milhões de pessoas passam fome todos os dias. O Rio Grande do Sul vem mudando essa cultura desde o ano 2000, quando implantou o primeiro Banco de Alimentos do Brasil na cidade de Porto Alegre, iniciativa que já evitou o desperdício de 23 milhões de quilos de alimentos e minimizou a fome na capital.
Segundo a FAO, o Estudo “Os Rastros do Desperdício de Alimentos: Impactos sobre os Recursos Naturais” é o primeiro estudo que analisa os efeitos do desperdício de alimentos global a partir de uma perspectiva ambiental, focando particularmente em suas consequências para o clima, uso da água e do solo e biodiversidade.
Entre as principais conclusões a FAO destaca que os alimentos produzidos, mas não consumidos, utilizam um volume de água equivalente ao fluxo anual do rio Volga na Rússia e são responsáveis pela emissão de 3.3 mil milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera do planeta ao ano, além das estrondeantes consequências econômicas que custa ao mundo 750 bilhões de dólares.
O Banco de Alimentos trabalha todos os dias com essa realidade, sendo uma das mais bem sucedidas alternativas para minimizar o desperdício de alimentos e minimizar a fome no Brasil. O primeiro Banco de Alimentos do País é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e foi criado há 13 anos, em Porto Alegre. Desde o ano 2000, esse Banco doou 23 milhões de quilos de alimentos para instituições carentes, evitando o desperdício e diminuindo a fome. Devido ao sucesso do Projeto, em 2007 foi criada a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul, entidade responsável pela criação de outros 17 Bancos de Alimentos distribuídos em diversas cidades do Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro.
O tema “desperdício de alimentos”, abordado pela FAO, foi retratado nas cinco edições da Revista “Fazer Bem” da Rede de Bancos de Alimentos, que traz esse assunto para os seus leitores desde 2011, através da série de reportagens “A Cadeia do Desperdício”. As reportagens abordam a perda e o desperdício de alimentos nas lavouras, transporte, armazenagem, pontos de vendas e na mesa do consumidor final. Leia a Revista Fazer Bem e conheça os obstáculos e desafios a serem vencidos para minimizar o problema do desperdício gratuitamente no site
www.redebancodealimentos.org.br/Revistas
Por traz dos grandes resultados alcançados pelo Banco de Alimentos, há uma sistemática de trabalho muito simples, e possível de ser implantada em todo o Brasil. No dia-a-dia do Banco de Alimentos, os gêneros alimentícios doados são coletados nos locais e dias indicados pelos doadores. Em seguida, as doações são armazenadas na central de arrecadações, um depósito próprio do Banco de Alimentos. Neste local, as nutricionistas analisam e determinam quais os tipos de alimentos necessários para as instituições, conforme as quantidades e valores nutricionais ideais para suprir suas necessidades. Posteriormente ocorre a distribuição qualificada dos alimentos, entregues gratuitamente para as instituições carentes previamente cadastradas em um Banco de Gestão e Sustentabilidade. As entidades beneficentes (entidades assistenciais como creches, escolas, asilos, lares de excepcionais, associações de bairros, entre outras) também recebem treinamento sobre segurança alimentar, higiene, e aproveitamento adequado dos alimentos.