No dia 16 de outubro, comemoramos o Dia Mundial da Alimentação. No ano 2000, surgiu em Porto Alegre o primeiro Banco de Alimentos do Brasil para ajudar a combater a fome e levar mais esperança para a população. Em 14 anos, o primeiro Banco de Alimentos do Brasil já distribuiu 25 milhões de quilos de alimentos e inspirou a criação da Rede de Bancos de Alimentos. Além de doar alimentos e combater o desperdício, são realizados programas de nutrição e segurança alimentar para as entidades beneficiadas e a população.
Para ajudar a combater a fome no Brasil, no ano 2000, um grupo de empresas, sindicatos, entidades e grupos de serviços reuniram-se e criaram no Conselho de Responsabilidade Social e Cidadania da FIERGS o primeiro Banco de Alimentos do Brasil, na cidade de Porto Alegre. O Banco de Alimentos é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, que atua como um gerenciador de desperdícios administrando três operações: coleta, armazenamento e distribuição qualificada de alimentos. Em treze anos, o Banco de Alimentos de Porto Alegre já arrecadou e distribuiu 25 milhões de quilos de alimentos para entidades carentes.
Buscando ampliar as atividades do Banco criado em Porto Alegre, e visando levar seus benefícios a outras localidades, e ainda estabelecer uma padronização de serviços e alinhamento da metodologia, foi criada em 2007, a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul.
No Estado do Rio Grande do Sul, o Banco de Alimentos mantêm instalações em Porto Alegre, Gravataí, Pelotas, Caxias do Sul, Guaíba, Canoas, Vale do Sinos (Portão, Sapucaia, São Leopoldo, e Esteio), Viamão, Camaquã, Santana do Livramento, Litoral Norte, Cruz Alta, Uruguaiana, Venâncio Aires, Região do Calçado (Novo Hamburgo, Estância Velha, Sapiranga e Campo Bom), Rio Grande, Cachoeirinha e Alvorada, mais o Banco do Rio de Janeiro-Oeste, o único fora do Estado. Estão em processo de desenvolvimento Bancos de Alimentos em Montenegro, São Gabriel, Região Vinícola, e Região Carbonífera (Rio Grande do Sul); Cotia (São Paulo); e Joinville (Santa Catarina). Atualmente são 19 Bancos interligados e que seguem a mesma sistemática de trabalho levando alimento, saúde e conhecimento para as comunidades carentes.
Juntos, os Bancos de Alimentos beneficiam 803 instituições no Estado, doando uma média de 400 mil quilos de alimentos por mês. Somente em Porto Alegre, são doadas 250 toneladas de alimentos por mês, beneficiando 300 instituições.
Operacionalidade e sistemática de trabalho
O SETCERGS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul), presidida por Sérgio Gonçalves Neto é a entidade responsável pelo gerenciamento logístico da Rede de Bancos de Alimentos RS. Roda anualmente uma média de 100.000 km, executando a coleta e a distribuição de alimentos arrecadados às instituições carentes cadastradas.
A sistemática de trabalho do Banco de Alimentos é muito simples. Os alimentos doados são coletados nos locais e dias indicados pelos doadores. Em seguida, as doações são armazenadas na central de arrecadações, um depósito próprio do Banco de Alimentos. Neste local, as nutricionistas analisam e determinam quais os tipos de alimentos necessários para as instituições, conforme as quantidades e valores nutricionais ideais para suprir suas necessidades. Posteriormente ocorre a distribuição qualificada dos alimentos, entregues gratuitamente para as instituições previamente cadastradas no Banco de Gestão e Sustentabilidade. As entidades beneficentes (entidades assistenciais como creches, escolas, asilos, lares de excepcionais, associações de bairros, entre outras) também recebem treinamento sobre segurança alimentar, higiene, e aproveitamento adequado dos alimentos.
Projetos de Nutrição e Hortifrutigranjeiros
O Banco de Alimentos desenvolve projetos de Segurança Alimentar e Nutricional em parceria com as principais Universidades Gaúchas (UNISINOS, UFRGS, PUCRS, UFCSPA, IPA, UNICRUZ, entre outras). Em 2013, 39 estagiários já participaram dos programas de nutrição, beneficiando 46 instituições. Um dos projetos de maior visibilidade é o “Nutrindo o Amanhã”. Periodicamente a equipe de nutrição do Banco realiza avaliações nutricionais para determinar o perfil antropométrico das crianças matriculadas nas instituições atendidas. Somente em 2013, já avaliaram o estado nutricional de 797 crianças e adolescentes atendidos nas instituições, realizaram 74 dinâmicas de educação alimentar, além de ministrar palestras, oficinas e capacitações com pais, educadores e funcionários das instituições. De igual importância se destaca o Projeto “Cozinha Nota Dez” que busca implementar uma cultura de boas práticas e higiene na manipulação de alimentos nas instituições beneficiárias do Banco de Alimentos. No exercício, 10 instituições participaram do programa. O projeto “Oficina do Sabor” tem como objetivo incentivar as pessoas a realizarem escolhas alimentares adequadas, tendo a culinária como seu eixo estruturante. As oficinas de culinária são realizadas na cozinha experimental do Banco de Alimentos e são divididas em parte prática e teórica. Foram contempladas 38 instituições no ano, e beneficiadas 72 crianças e jovens, além de 98 cozinheiros e auxiliares que realizaram oficinas de aperfeiçoamento em técnicas de culinárias e gastronomia saudável. O projeto “Primeiros Passos” visa à promoção da saúde de crianças de 0 a 24 meses, faixa etária que merece atenção especial devido a sua imaturidade fisiológica e vulnerabilidade. As instituições são acompanhadas e as crianças atendidas passam por avaliações antropométricas e verificação da prevalência de anemia com a utilização do Hemocue. Através das ações, o projeto objetiva a garantia de uma alimentação saudável, que se inicia com o aleitamento materno e introdução adequada dos alimentos complementares, bem como condições adequadas de higiene.
Outra iniciativa de grande amplitude social é o projeto de combate ao desperdício de alimentos, com destaque para o Programa “Hortifrutigranjeiros”, em parceria com supermercados do Estado do Rio Grande do Sul para recolhimento, higienização e distribuição de frutas e hortaliças “descartadas” das gôndolas das lojas, mas em perfeitas condições de consumo humano. Somente com este programa foram arrecadados e distribuídos 654 toneladas de hortifrutigranjeiros no último ano.
Fontes de captação de recursos e campanhas
Já no que se refere às fontes de captação de alimentos, o Banco de Alimentos se orgulha de poder contar com a participação da sociedade como um todo, a partir de uma sinergia estabelecida com empresas, sindicatos, bancos comerciais, universidades, clubes de serviços, associações comerciais, industriais e de serviços, federações, entidades religiosas, poder público, entidades representativas de classe, entre outras, que lhe proporcionam doações para serem destinadas às instituições previamente cadastradas.
Ainda com o objetivo de captar alimentos, o Banco desenvolve campanhas de arrecadação, tais como o tradicional “Sábado Solidário” que é realizado em parceria com a Rede de Supermercados Walmart em todo o Estado do Rio Grande do Sul, sempre no primeiro sábado do mês, contando com um verdadeiro exército de voluntários que captam alimentos e estimulam a solidariedade. Já a campanha virtual do “Clique Alimentos”, que é uma verdadeira inovação tecnológica na área de responsabilidade social, já captou para o Banco 2.800.000 quilos de alimentos. Disponibilizando aos internautas uma sistemática extremamente simples de clicar para doar sem qualquer custo, o Banco conseguiu facilitar a participação de doadores do mundo inteiro. O site www.cliquealimentos.com.br, desde o seu lançamento em 2008, já foi acessado por internautas de 140 países e mais de 2mil cidades do mundo. As Campanhas “Super Natal Banco de Alimentos”, “Inverno Sem Fome” e “Campanha do Quilo” são outras importantes campanhas de sucesso do Banco de Alimentos.
Com seus milhares de Voluntários, estamos vencendo o desafio de erradicar a fome, representando com isso o compromisso e a responsabilidade de cada um com o seu semelhante. O Banco de Alimentos é um exemplo de “Auto Gestão” da sociedade, isto significa dizer que a própria população é capaz de buscar soluções para suas demandas sociais, contando além da generosidade e espírito de solidariedade da população, com a participação de “um pouquinho de cada um”, para resolver um problema de tamanha amplitude social, conhecido hoje como o maior flagelo da humanidade, a FOME.